sexta-feira, 29 de junho de 2012

Aos alunos, aos amigos.


Não são as coisas que passam, mas as que ficam que importam.

Todo amor, mais cedo ou mais tarde, provoca uma dor, mas uma dor que se transforma em maturidade e serenidade, e que garante a permanência da felicidade. Já disse o músico, “felicidade é questão de ser”; já disse o líder dos nativos, “felicidade é um estado de espírito”. Quem ama, não fica sentindo esse amor, enquanto se enamora da ideia de estar amando. Amor não é sentimento, mas uma escolha consciente e livre de doar-se na felicidade do outro. Ora, se felicidade é um estado espiritual, então é algo contínuo e possivelmente pode, a partir de certo ponto, tornar-se permanente; se felicidade está no ser, então não é como estou, mas quem sou que importa.

Amo, caros alumigos, cada um de vocês, em vosso ser e individualidade, na medida de minhas limitações. E fui quem de fato sou, enquanto estive entre vós. Deixei, espero, as melhores pegadas que poderia deixar. Feito uma flecha, bem sei, cortando o ar e rasgando peitos; no entanto, ainda mais, torço para que tenha sido feito uma estrela cadente: que passa duma vez, dura pouco tempo, deixa um rastro de luz, provoca uma bela visão, e nos permite desejar nossos sonhos mais profundos.

Em nossos corações, as pessoas não são quem são, mas tornam-se as marcas que deixam em nós. Assim, saudade pode ser um sentimento sublime quando, olhando para as estrelas, lembrarem das palavras dóceis que outrora disse.

Fui, mas fiquei.

Fui naquilo que para mim sou. Fiquei, naquilo que guardarem de mim. “Quem ama vê além da aparência física e é isto que ama: a essência.” E foi isso que deixei nos vossos corações.

Vós, portanto, estais comigo até o fim de minha vida, tornando-se, assim, eternos.

"Cada um que passa em nossa vida,
passa sozinho, pois cada pessoa é única
e nenhuma substitui outra.
Cada um que passa em nossa vida,
passa sozinho, mas não vai só
nem nos deixa sós.
Leva um pouco de nós mesmos,
deixa um pouco de si mesmo.

Há os que levam muito,
mas há os que não levam nada.
Essa é a maior responsabilidade de nossa vida,
e a prova de que duas almas
não se encontram ao acaso. " A. Saint-Exupéry


Pedro Gurgel Moraes
Um Aluno da Escola da Vida.
Amante da Mulher Mais Bela.
Navegador dos mares dos sonhos.
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P.S.: Pedro Motta perguntou-me: se amor não é um sentimento, mas essa escolha de fazer o outro feliz, sabendo disso, porque existem as brigas?

Reflito: a briga nasce da discordância. Discordância nasce da palavra discórdia. Discórdia significa corações separados ou distantes. Então, se brigamos, é porque estamos em um momento de falta de amor. Assim, é preciso tornarmo-nos conscientes dos nossos atos e pensamentos, para guiá-los, de forma refletida, segundo nossa decisão de amor. Amar é, em outras palavras, manter os corações em consonância, doando-se no outro, pela força da própria vontade.

Observe que manter a consonância pressupõe a busca de compreender a quem se ama.

Enfim, caro Motta, não sei responder. Mas suspeito que ainda precisamos aprender a amar.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Do que plantei


A fruta-dor nasce em certos pés de situação.
A semente dela, se bem regada, gera uma árvore
De tristeza
Que dá a melancolia, fruta doce, dá muito suco.
Vicia!

Há também os pés de alegria.
Esses dão risos nos galhos baixos,
Gargalhadas nos altos!
Dois frutos com sabor de nos fazer esquecer
Quase tudo, em seu deleite.

Mas a melhor planta é
Felicidade!
Dá todo tipo de fruto (ou fruta).
E, grande, nos permite viver dentro dela.

Pedro Gurgel Moraes
Um Aluno da Escola da Vida.
Amante da Mulher Mais Bela.
Navegador dos Mares dos Sonhos.

domingo, 20 de maio de 2012

Triste traição



atriz, fez que nada aconteceu.
rígida em seu espírito, manteve a tez serena.
tesa pelo triz que viu,
tesa, por um triz deixou transparecer
(lágrimas secas no seu rosto enxuto)
tristeza entrevava seu coração.

Pedro Gurgel Moraes
Um Aluno da Escola da Vida.
Amante da Mulher Mais Bela.
Navegador dos Mares dos Sonhos.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Mares dela


Ela já não se entendia mais. Estava confusa. Com raiva. Muita raiva. Homem era tudo canalha mesmo! Afinal, não faltava nada. Ele tivera carinho, dedicação, até mesmo sexo, embora fosse pouco o tempo de namoro e, mesmo assim, não largou da antiga namorada. Lógico, desculpas apareceram, mas palavras ditas em desespero só resultam em mais tragédias, e as dele não poderiam ter sido mais trágicas. Muita coisa explicava, mas nada justificava.

Tudo acabado, tudo resolvido? Uma ova! Depois de uma dessas o coração se sente pesaroso; num ato extremo de ódio, fecha-se. Porém, o tempo é como água calma, passa serenamente e vai se infiltrando mesmo por onde não há espaços.

Surge sempre um novo algo, com potencial para tornar-se amor. Um novo ele, talvez. Dessa vez foi mais interessante do que as outras vezes, mais suave. Pareceu-lhe mais correto. Ele deixara uma garota por ela, e tinha álibi teoricamente confiável para confirmar.

No entanto, houveram problemas dos jamais vistos antes. Aqueles que sempre davam apoio, logo eles, os tão amados portos seguros, finalmente manifestaram opinião contrária: muitos ela poderia escolher, mas ele, não!

Mas tudo era uma merda mesmo! Ela nem pensava em casamento ainda, muito embora seja para esse fim que os namoros se guiem de uma forma geral. Por que ele não? Qual o problema? Nada explica, nada nunca explicaria.

Daí ela fez o que prometera jamais fazer, desviou-se dos portos seguros de sua vida, girou o timão, guiou-se para os novos mares que se apresentavam. Podia ser que sua nau afundasse em algum lugar distante do seguro porto, mas sempre teria um bote, e um mapa de retorno. Afinal, não haveria outra forma de ser feito, somente ela poderia desbravar esses mares, e como saber das prometidas ilhas perfeitas, senão navegando?

- Será que há algo por essas águas que os portos já avistam e eu, eternamente imatura, não consigo avistar? - perguntava-se a aventureira, sabendo que sobre mares novos só há uma forma de chegar a conclusões: navegando.

Nesses mares, náufragos são apenas uma nova oportunidade de reconstruir uma nau.

sábado, 28 de abril de 2012

Desditas de corações transeuntes


Acordado, sonhos abstratos tomam conta da consciência;
E a impossibilidade das coisas costurada na carne da impotência
Levam ao desespero o órgão inexistente do corpo.

Num sono profundo, sonhos físicos dominam o espírito;
As vontades e desejos são satisfeitos momentaneamente
Enquanto o acordar revela as mais dolorosas desventuras
E pior.

Sono leve, semiacordado, sonhos implantam sentimentos perversos;
Em algo fisicamente abstrato os falsos fatos curvam o sujeito,
O mais agudo sofrimento pela inexorável ilusão.
Fraude.

A quase imutabilidade das naturezas,
O longo período de suas mudanças,
Torna tudo desesperadoramente intangível no mundo.

Pedro Gurgel Moraes
Um Aluno da Escola da Vida.
Amante da Mulher Mais Bela.
Navegador dos Mares dos Sonhos.

sábado, 7 de abril de 2012

Lar


Houvesse, antes, a possibilidade de criar
E, somente então, geraria:

Um lugar onde os ares seriam teus perfumes;
As texturas, tua pele.
As águas teriam sabor dos teus beijos
E o mar brilharia na cor dos teus olhos,
Com a calma da tua voz
E a fúria da tua fé!

O sol emanaria o calor da tua alma
Enquanto a relva fazer-se-ia o acalento do teu colo
Com temperatura do teu abraço.

Mas as estrelas... Ah! essas revelariam
Os segredos da tua pupila,
Os anseios do teu coração,
As vontades do teu espírito
E o despertar de cada paixão!

Seria eu uma criatura passageira,
Dia após dia a me deliciar,
Em cada fruto de cada árvore,
Em todo recanto de todo lugar.

Banhar-me-ia em todos os rios,
Nadaria em todos os mares,
Daria nome aos bichos,
E viveria eternamente pleno
Cuidando e dependendo de ti:
Tu serias onde habito,
Serias meu lugar.

Pedro Gurgel Moraes
Um Aluno da Escola da Vida.
Amante da Mulher Mais Bela.
Navegador dos Mares dos Sonhos.
 

sábado, 31 de março de 2012

Deserto


Coração sabe de cor, ação não tem pior:
Falar pelo medo do silêncio
(Fugir do futuro por ele chegar)...

Naufrágio nas profundezas de mim!
A solidão que não mais tenho
Arrasta-me às curvas do tempo

Em intempestivas tempestades inventadas pelo vento:
Do futuro jamais existente ao passado ainda latente
Navega minh'Alma a se procurar;

E diálogos impossíveis – pretéritos inconfessáveis –
São sentimentos brutos, puros, impróprios a brotar.

O ser se autoflagela culpado,
No deserto jaz afogado:

– Procuro solidão para não a encontrar.

Pedro Gurgel Moraes
Um Aluno da Escola da Vida.
Amante da Mulher Mais Bela.
Navegador dos Mares dos Sonhos.


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Para os amigos que não sabem, durante uns bons anos da segunda era da minha vida, escrevi em uma das casas abstratas mantidas pela binariedade da rede universal de escambo informativo e cultural. Era uma casa bastante similar a esta sobre a qual redijo novos versos, embora a outra tivesse tijolos mais antigos. Não obstante, minha infinita paixão pelas artes do Acaso, grande trunfo de Deus, permaneceu e adentrou a terceira era da minha vida. Portanto, sobre novos tijolos e com muitos dos sentimentos de outrora, inauguro minha nova casa, onde todos serão sempre bem vindos, desde que peçam licença ao entrar, entrem sem fazer cerimônia e, torço, tenham mudado ao sair.